terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A crise, parte I: generalizações


Estou em em crise total, completa. Mergulhada inteiramente na lama da indecisão e do desconforto comigo mesma. Os homens do século XXI até que andam tentando descobrir o que eu quero e sabe qual a melhor resposta? Não faço a mínima ideia! Não sei nem por onde começar, quando paro pra pensar nisso. Seria porque parece que não tenho mais muito pelo que lutar? Não existe mais uma causa nobre e profunda, não preciso mais provar nada pra ninguém, feminismo, pra mim, perdeu um pouco o sentido (e as feministas que perdoem minha ignorância...mas só falo aqui do que estou sentindo). E eu, mulher, também. Posso fazer o que eu quiser, ou pelo menos quase tudo. Talvez para algumas coisas possa existir uma falsa aceitação, mas se houver, tenho quase certeza que ela não vem dos outros, mas de mim mesma.
É, gurias, eu ando assim, perdidinha. Hoje mesmo ouvi minha mãe contar sobre um comentário de uma amiga. A tal da amiga disse que passou na casa de uma conhecida e lá estava ela as 5 da tarde tomadinha banho, sentada na área limpinha de casa, tomando um chimarrãzinho, com os filhos banhadinhos brincando na grama, a própria imagem da paz e tranqüilidade da mulher do lar. E ela - a amiga da minha mãe – era a própria imagem do stress pós-moderno grudado em um corpo cansado pelo trabalho do dia, em um rosto suado, um cabelo sujo, tudo conspirando para a falta de glamour e, claro, destoando completamente da concepção de paz e tranqüilidade. Então ela se questionou: “mas será que essa vida de mulher dona de casa não era melhor?”
Estamos vivendo exatamente no limbo que separa o mundo da "tranquila" vidinha do lar, do mundo em que somos poderosas, independentes e...cansadas. Afinal, o que é melhor? As duas coisas têm vantagens e desvantagens. Eu tenho certeza que uma semana apenas como dona de casa me deixaria completamente entediada e depressiva. Mas essa correria louca de trabalhar fora também acaba com a gente. Acaba, porque a gente não vai simplesmente trabalhar fora. A gente vai trabalhar e ser boa no que faz. A gente vai ser muito competente, altamente dedicada e além disso tudo, ainda vai conseguir ser linda e cheirosa. Só que se existe uma coisa que mulher sabe ter em sua mente, em seu coração e em sua alma, é o desejo de querer mais. Ok, temos o sucesso nas mãos. Antes mesmo dos 30, temos um caminho interessante construído especialmente para alcançar o êxito: uma carreira profissional bacana, um salário legal, amigos queridos, liberdade na vida social, amorosa e sexual e tanta coisa boa, que parece inaceitável que não consigamos ser o quadro da perfeita felicidade.
Inaceitável. Mas é o que anda acontecendo. A gente tem tudo isso aí em cima e não consegue ser feliz, porque queremos mais. O problema é que, volto a repetir, a gente não tem a mínima ideia do que seria esse plus, esse adicional, esse pequeno detalhe que nos faria sentir como que descobrindo o grande segredo da nossa existência, que seria capaz de enfim, nos deixar em paz.
E aí a gente tenta buscar explicações. Seria a descoberta desanimadora de que príncipe encantado não existe? Todo mundo critica essa história, mas poucos param pra pensar que o príncipe encantado não era só a possibilidade de ser feliz no amor, não significa apenas a ideia superficial de que existe alguém perfeito para cada uma de nós, não era um personagem singelo e despretensioso de um conto de fadas. Tudo bem, é claro que já sabemos que existem tantos homens perfeitos quanto políticos honestos, mas não é apenas do caráter romântico que o príncipe encantado se nutria. Ele era a representação de uma sociedade machista, mas que mesmo com carga negativa oferecia o que hoje o mundo não oferece mais: segurança. O príncipe encantado era qualquer um que representasse justamente uma resposta segura e incontestável para a vida da mulher, representava o sentido de sua vida, o objetivo do seu "estar no mundo", a sua salvação.
E as possibilidades continuam: Seria a dificuldade de se sentir segura tendo que encarar a vida sozinha? Seria a cobrança extrema de nós mesmas de que temos que ser muito boas em tudo que colocamos a mão? Seria o peso de sermos esses seres fantásticos e lindos, que até dia específico tem?
Ahh....o pensamento vira um turbilhão. Temos tudo, só não temos o que parece que poderia nos completar. E aí a ansiedade se intala, o stress se instala, a insegurança se instala...e nos resta sair pra comprar algo que possa acalmar nossos ânimos: um pote de sorvete, um sapato, um chocolate, tanto faz. Tudo vem da mesma estante de coisas inúteis que não conseguem nos responder o que, afinal, mulheres inteligentes, bonitas e bem sucedidas querem... mais.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Simplicidade


E então eu olhei pra toda aquela tentativa de afirmação sobre um salto 15 e pensei com meus botões...tão jovenzinha!! Deu vontade de chegar ao pé do ouvido e dizer “gatinha, tira esse salto alto e vai caminhar descalça na grama pra ver como é tão bom!”

domingo, 27 de novembro de 2011

Enquanto chove


“Quando eu quero, quero tudo, quero muito e quero agora.”
Então não me venha com meio coração, com pseudo-envolvimento.
Não chegue com medo, oferecendo um quase amor.
Não vou receber você assim.

sábado, 26 de novembro de 2011

Chance

É que a gente tem essa péssima mania de teimar. Pode o mundo estar te acenando, mas o que te afaga o ego é natural, óbvio, esperado. Você quer aquilo que não te vê. O orgulho não te permite aceitar que algo não queira ser seu. E você se agarra a rastros de esperança, enxerga possibilidade onde não existe. O mais sacana disso tudo é que você sabe muito bem que está agindo errado. Só que você se perdoa e cai na ilusão de que haverá o momento. O momento em que você consertará o engano, que você dará o troco e sairá, enfim, com seu orgulho curado, honrado, restituído. E enquanto você espera por isso a vida segue. Os dias passam. As pessoas vivem. 
Será que você conseguirá entender que para certas coisas na vida só existe uma chance?



terça-feira, 25 de outubro de 2011

De filha pra pais


E quando os anos começam a passar você percebe que os papeis que representa na vida adquirem novas funções e responsabilidades. Não é mais você, filho, que pode dar preocupação, deixar os outros sem dormir, dar sustos... não é mais você que precisa de tanta atenção, que precisa de ajuda para seguir em frente, de orientação, de mão para atravessar a rua, de segurança. Chega um dia – e confesso que acho que o meu já chegou – que são seus pais que precisam de tudo isso e que lhe dão sustos, temores e preocupações. E então, é a partir daí, que você começa a compreender “tudo” um pouco melhor e como, quando se trata de alguém que você realmente ama, você quer que seu abraço seja capaz de acalmar e fazer tudo passar, de uma batidinha no dedão do pé contra a perna de uma cadeira a uma frustração de uma vida inteira.

Que eu seja o melhor anjo que meus pais possam ter...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Era estranho para ela pensar que tudo tinha passado. Coisas, pessoas, amores. E agora era apenas ela e seu destino incerto. Todos precisam de amor, pensou. Mas ela não se enquadrava na categoria todos. A algum tempo que tinha mesmo esquecido a cor que tem o amor. Seu cheiro. Seu gosto. Seu som. Mas o mais assustador nisso tudo é que não sentia falta. Afinal como sentir falta de algo que não se sabe mais como é? Algo que não se sente mais? 

E assim ela foi, a cada dia, se acostumando mais com sua própria companhia.
Gostava de fazer seu próprio tempo e ver o mundo pela janela. Como se sentia segura, em perceber que não precisava mesmo de mais ninguém. 

Até que um dia, um belo dia, acordou com um estrondoso barulho. 
Uma pedra acertou sua janela. 
O vento frio soprou seu coração.
E com isso acordou. 
Foi vista. 
Sentiu.

domingo, 21 de agosto de 2011

Evolução da minha espécie


Muita gente coloca em orkuts e faces da vida que não quer nada mais ou menos, que quer qualquer coisa, desde que seja intenso. É sempre nesses momentos que ou penso que não me encaixo muito nesse mundo de “profundas intensidades” ou que eu realmente estou ficando velha.
Não estou dizendo que não quero sentir. Apenas gosto de sentir diferente. Quero que minhas fortes emoções sejam mais suaves e menos arrebatadoras. Já sou suficientemente inquieta por dentro e transformar essa inquietude em palavras calmas e atitudes ponderadas quando os sentimentos saem de mim já dá um trabalho danado. Aproveito muito bem minha vida sem loucura. Ou ao menos mostro minhas insanidades apenas para poucos e bons. Quem não significa algo na minha vida não precisa saber dela.
Seguido sou taxada de “boazinha”. Pois é, boazinha, mais ou menos, sinceramente, não vejo nada de errado nisso. Já tive minhas boas loucuras quando mais nova, então falo com conhecimento de causa que combino mais mesmo com a mocinha da história, ou a amiga da mocinha, pra não soar muito pretensioso. Sair dessa linha – e lógico que de vez em quando saio - além de fazer mal aos que me rodeiam, sinto que também faz mal pra mim. 
Então, em geral, hoje eu sou mesmo assim:
Gosto do bem, da calma... sou da paz.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Meu pai em mim

A maioria das pessoas que me conhecem dizem que uma de minhas qualidades é ser companheira pra todas as horas, parceirona mesmo. Parando pra pensar sobre meu pai, alguns dias antes do dia dos pais, comecei a lembrar dos momentos que passamos juntos e me marcaram. Meu pai era maquinista, então viajava bastante. Mas quando não estava trabalhando ele vivia comigo pra cima e pra baixo...me levava junto no mercado, no centro da cidade, em qualquer lugar. Era a forma que ele se fazia presente: me fazendo de sua companhia.

Meu pai nunca foi carinhoso ao ponto de me beijar no rosto, me pegar no colo, dar abraço apertado. Quando a gente é criança, adolescente, enfim, quando está nas fases em que bom mesmo é reclamar dos pais, eu me importava com isso. Hoje, sinceramente não reclamo. Como ele mesmo define, pra ele falta de proximidade física é questão de respeito, não de falta de afeto. Não quero mais meu pai diferente. Não quero meu pai meloso, não seria ele. Meu pai é esse cara durão, incapaz de ser muito afetuoso, que não demonstra o que sente. Mas que pra mim, sinceramente, nem precisa mais demonstrar, porque eu já o conheço suficientemente pra saber que ele me ama, mesmo que não saiba demonstrar. Não mudaria meu pai. Quero ele como ele é, sentado na fente de casa, fumando como se isso não fizesse mal algum, contando piadas sem graça, dando uma risada engraçada, que só ele sabe dar. E me chamando de baixinha, dando explicitamente a entender que ainda me vê como se eu tivesse 13 anos.

Quero meu pai como ele é, porque hoje vejo o quanto há dele em mim. Meio fechadona às vezes, muito tagarela em outras, sem muito tempo para abraços, mas com todo o tempo do mundo pra fazer companhia a quem quer que seja.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Na ponta dos dedos


Hoje, andar de mãos dadas é mais complicado que descolar um beijo*.

Engraçado. Lembro claramente que rejeitei as mãos que tentaram se entrelaçar às minhas não somente na última vez, mas também na penúltima. Engraçado, porque pensei que talvez se esse gesto de segurar minha mão na rua tivesse sido feito há alguns anos atrás, eu me sentiria super reconhecida e feliz. Radiantemente esperançosa. Porém, lembrei que quando tinha 17 anos, um menino com o qual eu havia ficado foi no recreio da escola me encontrar e quis pegar na minha mão. Eu rejeitei seus dedos.
Mas o mais engraçado ainda de tudo isso, é que esses garotos que tentaram segurar minha mão e foram rejeitados, já tinham me beijado. 
Possível conclusão da história: dar as mãos pode ser mais íntimo que um beijo nos lábios?
No meu caso, sim. Segurar minha mão, encaixar-se em meus dedos, não é para qualquer um. Um beijo pode ser uma simples expressão de desejo. Passageira (o que também não significa que saio por aí beijando quem aparece na frente). Mas segurar minha mão não tem a ver com isso. Segurar minha mão é começar a construir uma ponte. É um primeiro tijolinho de reconhecimento. O primeiro pilar de aceitação.
O que não significa também que essa ponte não irá ruir em poucas semanas. Que não se despedaçará em meio ao rio antes mesmo de chegar até o outro lado. Que não ficará suspensa, na correria da vida de cada um. Mas isso é outra etapa.
Antes de saber se vai dar certo ou não (o que aliás ninguém nunca sabe, a não ser se atrevendo a cruzar a ponte) é preciso conversar pelos dedos. Não precisa olhar nos olhos. Você toca na outra mão até de olhos fechados. E sente. Sente que há alguém ali. E que esse alguém quer se entrelaçar. E de repente duas mão viram uma só. Se encaixam. Se seguram. Se guiam.
Enfim, em menos de um segundo, sem mesmo olhar nos olhos, você sabe que se encontrou.
Engraçado isso. Muitos procuram em um beijo. Muitos procuram em um olhar.
Eu, procuro de olhos fechados, em um dedilhar...
Mas como diria uma frase de um filme, no final das contas "não é lógico. É amor". 

...
*Frase tirada de uma crônica de Fabrício Carpinejar.

domingo, 5 de junho de 2011

Ao amor

Contrariando minha recorrente racionalidade diante do amor, descobri.

Quero despedaçar meu coração em troca de um ínfimo segundo de amor sublime.

Pronto.
Minha mãe me diz: amor não é aquela paixão enlouquecedora, que nos faz perder a razão. Amor é companheirismo, carinho, cuidado.
Mas então porque eu não quero, do fundo do meu coração, quem me oferece isso?
De repente me pego acreditando que ser amigo, é ser amor. Ser amor, é também ser amigo. Mas ser mais amigo que amor é cair no comodismo. 
Quase caí nessa tentadora resignação...
É errado querer que minhas pernas falseiem, que meu corpo se dilua?
É isso que eu quero. Quero um amor visceral, que segure minha mão, mas não me segure por inteira. Não quero segurança. Quero flutuar.
Já sei o que é ser amada. Será que agora posso descobrir o que é amar?
Quero fogo, nos olhos. Vento, nos dedos. Som, no coração.
Quero ter certeza. Quero ter a sorte. 

Que eu ame por um instante...
Basta.

...
Batido, mas eterno e universal:
"Como ja dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não"
Vinicius de Moraes

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vale mais o coração

Nas últimas semanas descobri que uma amiga de pouco tempo é lésbica e outra de longa data é bissexual. E outra ainda, fala abertamente sobre seu consumo esporádico de maconha.

Fui criada em uma família extremamente tradicional. Não há espaço para gays, lésbicas ou chapadinhos nela. Os homens são machistas e as mulheres conservadoras. Cresci ouvindo que o natural é homem e mulher, diferente disso não é normal. E, ainda, que drogas não é nada legal. Logicamente desenvolvi um "certo" preconceito. Preconceito através de piadinhas inocentes e de posturas certinhas.

Só que um dia eu saí pro mundo. E o mundo está cheio de gays, lésbicas e maconheiros, então como agir? A verdade é que a fala desvirtuou da ação. Na prática não consegui ser preconceituosa. Gosto da ideia tradicional do homem e da mulher e ainda continuo sendo uma guria que nunca provou maconha ou outro tipo de droga ilícita e nem tem vontade de provar. Isso é basicamente o que prefiro para mim, mas saber que alguém do meu lado prefere o contrário não o transforma em uma aberração. Quando minhas amigas me contaram suas escolhas, bem, eu olhei para elas e elas continuavam com dois olhos, duas pernas e uma boca. Continuavam da raça humana, como eu.

Nunca gostei de bicha loca, isso eu confesso. Aquele gay que quer chocar, impôr sua escolha de maneira invasiva. Preconceito, sei bem. Porque é muito mais fácil criar empatia com um gay gente boa, divertido sem ser espalhafatoso, liberal sem ser o estereótipo da pornografia... Preconceito, eu sei. Preciso melhorar. Conheci um assim, também há algumas semanas. Aliás, ele não era gay. Ele mesmo disse que não se definia em nada. Namorou duas meninas e agora sonha acordado em namorar um menino, pra saber qual é. Um cara direto, simples, amante do amor, simplesmente. Isso na teoria me choca. Mas na prática valeu muito mais a simpatia, o riso compartilhado, o bom papo. Pouco importou que gênero humano ele iria levar pra cama naquela noite, afinal, isso não me dizia respeito.

Também não gosto de drogado sem noção. Playboyzinho que gasta o dinheiro do papai e da mamãe em baseado e que não quer nada da vida. Não acho legal usar drogas, mas não posso rejeitar uma amiga por ela fumar de vez em quando, pelo simples fato de que ela é uma ótima amiga. O que ela fumou ou deixou de fumar não muda isso.

Já sobre o sexo, acho que ele é antes de qualquer coisa, intimidade. Apesar de ser praticado por duas pessoas (ou mais, vai saber) é estritamente pessoal. Mesmo vivendo em uma sociedade em que o público e o privado se misturaram, depende somente de cada um colocar o limite que acha correto.

Uma outra amiga sentou ao meu lado semana passada e disse estar incomodada pelo fato de que não digere bem essas diferenciadas opções sexuais e usos alucinógenos. Compreendo ela perfeitamente. É meu pensamento tradicional falando.

Só que eu aceito meu amigos gays, lésbicas e bissexuais - com uma naturalidade espantosa para mim mesma -, sem que isso signifique que sou simpatizante ou que deixei de ser tradicional. Continuo sendo certinha, continuo querendo casar na igreja de branco, daquele jeito bem démodé. Se bem que nesse mundo, nada mais é fora de moda. Acho que hoje essa é a grande questão. Faça o que quiser, desde que isso te faça bem e não faça mal a ninguém.

Acho que com o tempo aprendi que respeito caminha lado a lado com o amor, não interessa que forma ele adquira. Assim como eu tenho o direito de querer para a minha vida posturas tradicionais e certinhas, quem está ao meu lado tem o direito de querer para sua vida posturas modernas e "erradinhas".

Não esquecendo que o que é errado pra mim, pode ser certo pra alguém.
Como diz Cássia Eller em uma música que adoro "Não importa o compromisso, vale mais o coração".

É. Resumindo, vale mais o coração...


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Que sorte a minha

Não sei o que fiz em outra vida. Mas suspeito que não tenha sido uma pessoa muito maligna. Digo isso porque quando paro pra pensar na minha vida (e isso acontece zilhões de vezes por dia) sempre acabo percebendo o quanto sempre fui rica. Não, eu não tenho dinheiro pra comprar um apartamento de 3 milhões com vista panorâmica pro mar, nem mesmo coisas bem simples (no momento um roupeiro para poder enfim, desfazer minhas malas que guardam minhas roupas desde início de março). Eu não tenho tudo o que eu quero, mas tenho uma riqueza que carrego no peito e não é gasta, nunca. Sempre comento que já morei em inúmeros lugares (não vejo a hora de pousar minhas asinhas em algum lugar definitivamente) e em todos, TODOS, eu sempre conheci pessoas que me trataram tão bem, mas tão bem, que ás vezes eu até me senti constrangida, afinal eu nem fazia nada. Pessoas que mesmo diferentes, em idade, em comportamentos, em conhecimento, rico ou pobre, me receberam de braços abertos.

2011, cidade nova, casa nova, vida nova. E as pessoas novas que chegaram, o que dizer? As conheço, certamente, há muito mais que ínfimos 2 meses. As conheço de anos, como amigos queridos que nos aconchegam com tantos sorrisos. Tardes de aulas de matar, leituras que a gente não entende nada, finais de semana encerrados em casa, estudando, estudando, estudando. E no meio desse mundinho particular, rimos, rimos muito, entre nossos cafés, festas de aniversário surpresa, cervejinhas no fim da aula, aventuras por lugares perigosos da cidade, amizades com cachorros de rua mancos, lasanhas regadas a um bom vinho, e muitas conversas tão filosóficas quanto idiotas, sem fim.

Se morresse amanhã, certamente eu diria: Não constituí fortuna, não arrecadei dólares, jóias, imóveis, carros zero, roupas caríssimas ( o que não não implica que um dia eu não queira adquirir). Mas, ah! Como fui rica. Rica da riqueza mais rica que alguém pode enriquecer. Rica de olhares sinceros, de risos companheiros, de passos nunca sozinhos, rica, dos melhores amigos. 
Que sorte, eu diria, que sorte a minha!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Direita ou esquerda?

Então ela sentou diante dele e começou a conversa assim:
"Não tô dizendo que tô apaixonada, nem pretendo pedir a mão de ninguém em casamento, mas confesso, tô confusa.

Vamos à análise da teoria (sempre ela, riu).
Primeiro: se você não fala comigo por dias, a minha vida segue tranquilamente. Mas se você fala, fico pensando em você por dias. Logo, você mexe comigo.
Segundo: nem nos sonhos mais perfeitos de uma guria, um guri que ela somente fica, sem compromisso algum, vai tê-la como exclusividade. Isso eu sei, ninguém seria tão idiota de pensar o contrário. Mas te ver com outra, mesmo que a distância, mesma que tenha sido só um "rolinho", como você disse, digamos que, no mínimo, incomoda. Sim, fiquei levemente incomodada. Logo, sinto ciúmes de ti.

Tá bem claro, desde o início, que tu não quer nada comigo além de ficar de vez em quando, sem obrigação de nada. Eu vivo a minha vida e tu, a tua.“Se é bom...”, você diz. É claro que é. Mas depois vem um vazio idiota que me deixa meio sem saber o que fazer. Um sentimento estranho que me faz perguntar “Tá, e aí? É só isso?” Eu sabia, desde o início, que da minha parte essa coisa não ia poder durar muito. Mais cedo ou mais tarde eu criaria expectativas ou, exatamente como tá acontecendo agora, eu enxergaria uma luz vermelha acendendo e me dizendo, se tu continuar, vai te machucar e o que é pior, à toa. 

Isso não tem nada a ver contigo. Tu não me enganou, não me iludiu, não me prometeu, nem sequer me ofereceu mais do que fez. Aliás nem é a possibilidade de se criar expectativas. É bem pior que isso. Quando há essa possibilidade, ainda tem alguma graça. Acontece que contigo essa possibilidade não existe, definitivamente. É a total certeza de que não vou sentir aquela ansiedade ingênua e divertida de pensar "será que ele vai ligar?" É a falta de sentido de responder a pergunta com resignação: "Sim, é só isso". E mesmo adorando estar contigo, afinal, que tipo de mulher se contenta só com isso?

Ontem, lendo um livro, senti falta daquele calorzinho gostoso e aconchegante que sentimos quando um homem nos abraça. Sabe quando o homem nos abraça e encosta levemente a cabeça dele sobre a nossa? Sinceramente, nem o Kama Sutra feito de trás pra frente nos completa mais do que isso. Senti falta de um homem que me acalma e que me conta sobre um dia divertido que teve aos oito anos. Um homem que me olha e me faz sorrir sem dizer nada. Que está realmente interessado na resposta quando me pergunta se eu estou bem.

Eu não sei nada sobre você e você não sabe nada sobre mim e mesmo assim você exerce um efeito diferente de tudo que eu tinha experimentado. Isso parece extremamente profundo, mas aí lembro que duas semanas sem falar contigo ainda me faz te esquecer fácil.

Então é do efeito à indiferença.
Duas possibilidades, uma em cada mão.
Ponha os braços pra trás das costas, como aquela brincadeira de criança. Passe o efeito pra cá e a indiferença pra lá, como bem preferir. Estenda os braços à minha frente, cruzados um sobre o outro, com as mãos fechadas.

E aí? Direita ou esquerda, qual eu devo escolher?"


...

sexta-feira, 11 de março de 2011

O lado nobre do amor

Quase dois anos já se passaram desde que o fim da tarde trouxe o fim do namoro. 
Um fim com explicações que até hoje não foram encontradas nem na cabeça nem no coração de nenhum dos dois.
Ele seguiu sua vida no mesmo lugar.
Ela partiu em duas semanas, atravessando o país para começar uma vida nova, já que fugir era sempre sua melhor solução para os problemas que não conseguia decifrar. Preferia mil vezes fugir, a sofrer.
Um ano depois, o reencontro e a dúvida: ainda exisitiria amor?
A cumplicidade, o companheirismo, a afinidade, a leveza, o carinho, tudo permanecia por perto.
Tentaram voltar. Sem explicação, não conseguiram.

O diferente é que mesmo não voltando a serem namorados, todos os sentimentos, exceto a paixão, sobreviveram. Talvez porque o que viveram tenha sido realmente único e tornou-se impossível deixar de gostar um do outro. Sim, eles se gostam. Provavelmente nunca mais serão homem e mulher, certamente não serão marido e esposa. Mas compartilham seus medos, suas vitórias, suas inseguranças, os melhores e piores acontecimentos de suas vidas. Compartilham, a distância, até o nada de uma tarde de sexta-feira sem graça. 

E chegaram à conclusão de que sempre foram um o melhor amigo do outro, desde que por um incidente do destino se descobriram no msn. Eles sabem que cada um encontrará seu novo amor. Mas também sabem que nenhum seguirá sem o lado mais nobre do que sentiram um dia: A...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sobre amor, sexo e outras máscaras...

Acordei em um sobressalto dos poucos minutos que consegui pegar no sono. Acho que tive um pesadelo porque meu coração batia acelerado e minha respiração tava estranha. Olhei pro lado e vi um cara de costas pra mim, dormindo. A rua fazia barulho lá fora. Sentia gosto de cerveja na boca. Afinal o que é que eu tava fazendo ali? E quem era aquele cara do meu lado? Eu mal o conhecia. O encontrei há umas 3 semanas atrás. Conversamos, ficamos, seguimos conversando...talvez ele fosse um cara legal, pensei de início. Talvez ele seja um cara legal, quem sou eu pra julgar alguém que conheci há 3 semanas... Talvez ele apenas não seja "O" cara legal que eu espero...

Comecei a me sentir idiota. E sozinha. Olhei pra porta entreaberta do quarto. Será que eu não conseguiria sair do apartamento sem que ele visse? Não morava muito longe, e afinal o que eram umas 5 quadras de Scarpin, para quem já passou 5 anos de faculdade em salto 10?

Quero ir embora. Quero a minha cama, a minha casa. Não quero acordar com um estranho. Olhei pra ele. Fiquei pensando...qual teria sido sua primeira paixão? Como será sua relação com seus pais? No que ele pensa quando vai dormir? Será que já chorou? Como foi seu último porre? Qual seu perfume preferido? O que mais gosta em uma mulher? Será que gosta de café? Em que posição jogava no time da escola? Jogava no time da escola?

Acabei virando pro lado e dormindo com minhas perguntas.

Não sei definir um nome para um meio termo entre amor e sexo.
Em 2011 decidi que quero tentar entender minha relação com essas duas "coisas". A minha relação com o sexo eu compreendi em 3 semanas. Coloquei em prática (ou tentei) algumas teorias e cheguei a conclusões óbvias.

Muito bem, primeiro tentei colocar em prática a teoria de que tudo acaba em sexo. Decidi que uma vez na vida, para que a teoria pudesse ser realizada me faria passar por uma mulher decidida (risos de mim mesma). De cara escuto do guri uma frase "a gente conhece os tipos de mulheres. Eu sei que tu é o tipo de mulher que se está aqui, espera alguma coisa". Odiei isso. Não por ouvir. Mas por ser verdade.

Eu odiei, mas pensei, não vou desistir. Então, uma semana depois liguei para o cara e disse "amanhã eu quero te ver". Pensa no orgulho que senti de mim! O cara a princípio gostou. Ok, agora só tenho que me convencer de que é só sexo. Falei pra mim mesma, repeti, me mostrei decidida e autosuficiente para o espelho, defendi olhando nos meus olhos que não estava nem aí para desenrrolares românticos.

Me senti a pessoa mais idiota do planeta no outro dia. Aquela não era eu. Não, eu não me achava uma gostosona, uma mulher superior e indiferente, que droga, nem de longe eu me tornaria uma predadora de homens. E sim, se eu estava ali é porque eu esperava algo. Esperava que ele dormisse comigo de conchinha, me acordasse com um beijo, dissesse que adorou a noite e que me ligava mais tarde.
 
Não sou romântica do tipo que está sempre namorando e apaixonada. Namorei pouco e me apaixonei menos ainda. Não sou movida a homem, minha vida segue sem eles. Mas se fico com alguém mais de uma vez, não adianta mentir pra mim mesma, eu sempre espero que talvez seja alguém especial, um cara legal, sei lá. Eu sempre espero uma ligação no outro dia. Não morro se ela não vier. Mas espero.

Eu queria ser como os homens ou algumas mulheres: não estar nem aí no outro dia. Não esperar nada. Acho que nunca vou conseguir. acho que não sou mulher de sexo casual. Isso sempre soa vanglorioso para uma mulher. Mas no fundo torna as coisas muito mais complicadas.

Então, o resultado da aplicação da minha teoria em mim mesma é: não, nada acaba apenas em sexo, tudo acaba na eterna busca pelo amor. Não consigo escrever sexo e amor lado a lado e traçar uma linha no meio. Eles não conseguem ficar separados em colunas pra mim.

Conclusão: algumas máscaras, decididamente, não conseguimos usar. Elas não se encaixam, tua essência não permite. Melhor se assumir sem elas e encarar as consequências do que somos verdadeiramente.

Fevereiro

Parei para pensar nos fevereiros da minha vida.
Cheguei à conclusão que são sempre meses suspensos. Fevereiro é um mês meio estranho mesmo. Fevereiro tem cara de mês de carnaval, mesmo que o carnaval aconteça só em março. É um mês curto, mas preguiçoso. As pessoas já estão trabalhando, mas nem todas as aulas já começaram. Fevereiro é como aquele sono de quando acordamos...pensamos sempre "dá pra dormir mais 5 minutos?"

A gente pergunta isso pro fevereiro...passa Natal, final de ano...mas será que dá pra esticar as férias por mais um mesinho só? vamos ao trabalho, mas o calor ainda está aí, o horário de verão arrecém mudou e ainda faz sol as sete da noite, e além de tudo o carnaval anda nem aconteceu.

Não adianta. Não dá pra considerar fevereiro um mês produtivo.
Eu, que odeio fazer malas, mas devo bater o recorde mundial de mudanças de cidade até os 30 anos, em geral uso o fevereiro para organizar a viagem de ida para mais uma futura casa que não durará tempo suficiente para que eu me acostume com a paisagem de suas janelas e a chame de lar.

Foi assim em fevereiro de 2003...pausa até fevereiro de 2007, quando voltou a ser assim, fevereiro de 2008 foi assim, de 2009, de 2010 e em 2011, sim, está sendo assim. Perspectivas? fevereiro de 2012 promete ser um mês de muita organização...

Se eu gosto disso? Não. Às vezes me pergunto o motivo de não saber onde estarei morando daqui 15 meses. Tenho apertos no coração com isso, em especial porque em todos os lugares sempre há pessoas legais. Quando começo a me acostumar com elas e a ter uma rotina que me agrada e me faz sentir segura, vem um belo vento norte e muda a direção de tudo. Me pego pensando que eu devo ter algum problema inconsciente com a constância residencial. Mas ao mesmo tempo, em geral, a própria vida me exige essas mudanças...até quando vão acontecer eu não sei...

Minha esperança é que uma hora eu lance minha âncora em algum cais. Certamente será o mais bonito deles, com a brisa mais suave para embalar minha rede bem devagarinho...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ares Suspensos

Não escrevo há mil séculos. O mês virou, o ano virou e não escrevi mais.

A última vez que escrevi ainda nem sabia que tinha passado na seleção pro Mestrado, o verão ainda nem tinha chegado e meus planos estavam à deriva. Quase dois meses depois parece que sempre fui mestranda e minha vida sempre foi verão. Não sei qual a maior distância: se a de anos ou a de segundos. Nem sei ao certo se tenho prestado atenção no tempo, atenção na vida, atenção ao que está acontecendo.

Verdade é que esse ano começou bom, muito bom. O que mais posso querer do que as possibilidades reais de realizar meus sonhos? O que mais posso querer do que estar tão perto do que sempre quis?

Tudo está bem. O que mais posso querer?

Queria talvez o poder de segurar os segundos que escoam pelas minhas mãos...Queria conseguir segurar cada sorriso, cada suspiro, cada sossêgo. Queria parar o tempo, estancar as batidas, me esconder do medo que sinto de ver tudo passar. Porque tudo passa. Tudo gira. Tudo muda. 

Em especial eu mesma. Não sou a guria que escreveu o último texto. Nem serei eu quando escrever o que vier depois deste. Daqui um milésimo de segundo, não serei mais eu.

Sim, o ano começou muito bom. Tudo está no seu devido lugar. O sol de verão brilha. Mas porque há nuvens? Porque existem tantas perguntas? Porque meu dedos inquietos tamborilam contra a mesa, como a esperar por algo que não sei o que é, tampouco sei quando irá chegar?

Este ano, este ano que começou bom, com tudo no lugar, é o ano em que quero entender. Não entender minha rotina, minhas manias, meus sonhos, meu jeito, minhas relações familiares, com amigos, inimigos e afins. Tudo o que é visto e vivido externamente eu sei de cor. 

Este ano quero entender o que se passa aqui dentro. Quero entender meu amor pelo vento, meu horror ao tempo, minha retidão. 

Este ano quero entender minha culpa. Este ano quero conhecer meu perdão.