segunda-feira, 18 de abril de 2011

Direita ou esquerda?

Então ela sentou diante dele e começou a conversa assim:
"Não tô dizendo que tô apaixonada, nem pretendo pedir a mão de ninguém em casamento, mas confesso, tô confusa.

Vamos à análise da teoria (sempre ela, riu).
Primeiro: se você não fala comigo por dias, a minha vida segue tranquilamente. Mas se você fala, fico pensando em você por dias. Logo, você mexe comigo.
Segundo: nem nos sonhos mais perfeitos de uma guria, um guri que ela somente fica, sem compromisso algum, vai tê-la como exclusividade. Isso eu sei, ninguém seria tão idiota de pensar o contrário. Mas te ver com outra, mesmo que a distância, mesma que tenha sido só um "rolinho", como você disse, digamos que, no mínimo, incomoda. Sim, fiquei levemente incomodada. Logo, sinto ciúmes de ti.

Tá bem claro, desde o início, que tu não quer nada comigo além de ficar de vez em quando, sem obrigação de nada. Eu vivo a minha vida e tu, a tua.“Se é bom...”, você diz. É claro que é. Mas depois vem um vazio idiota que me deixa meio sem saber o que fazer. Um sentimento estranho que me faz perguntar “Tá, e aí? É só isso?” Eu sabia, desde o início, que da minha parte essa coisa não ia poder durar muito. Mais cedo ou mais tarde eu criaria expectativas ou, exatamente como tá acontecendo agora, eu enxergaria uma luz vermelha acendendo e me dizendo, se tu continuar, vai te machucar e o que é pior, à toa. 

Isso não tem nada a ver contigo. Tu não me enganou, não me iludiu, não me prometeu, nem sequer me ofereceu mais do que fez. Aliás nem é a possibilidade de se criar expectativas. É bem pior que isso. Quando há essa possibilidade, ainda tem alguma graça. Acontece que contigo essa possibilidade não existe, definitivamente. É a total certeza de que não vou sentir aquela ansiedade ingênua e divertida de pensar "será que ele vai ligar?" É a falta de sentido de responder a pergunta com resignação: "Sim, é só isso". E mesmo adorando estar contigo, afinal, que tipo de mulher se contenta só com isso?

Ontem, lendo um livro, senti falta daquele calorzinho gostoso e aconchegante que sentimos quando um homem nos abraça. Sabe quando o homem nos abraça e encosta levemente a cabeça dele sobre a nossa? Sinceramente, nem o Kama Sutra feito de trás pra frente nos completa mais do que isso. Senti falta de um homem que me acalma e que me conta sobre um dia divertido que teve aos oito anos. Um homem que me olha e me faz sorrir sem dizer nada. Que está realmente interessado na resposta quando me pergunta se eu estou bem.

Eu não sei nada sobre você e você não sabe nada sobre mim e mesmo assim você exerce um efeito diferente de tudo que eu tinha experimentado. Isso parece extremamente profundo, mas aí lembro que duas semanas sem falar contigo ainda me faz te esquecer fácil.

Então é do efeito à indiferença.
Duas possibilidades, uma em cada mão.
Ponha os braços pra trás das costas, como aquela brincadeira de criança. Passe o efeito pra cá e a indiferença pra lá, como bem preferir. Estenda os braços à minha frente, cruzados um sobre o outro, com as mãos fechadas.

E aí? Direita ou esquerda, qual eu devo escolher?"


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