quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cada tempo

Tenho um prazer secreto em olhar fotos e coisas "antigas". Apesar da nostalgia, da saudade, sempre sinto uma alegria sutil quando recordo o que já passou. Mesmo que alguns momentos tenham sido ruins, percebo sempre que tudo, mesmo aquilo que parecia desesperador, depois de algum tempo, passa a fazer sentido. E o tempo, acho eu, é tão imensamente generoso! Ameniza qualquer dor, qualquer angústia, e se se tratar do contrário -algo bom - guarda com carinho, em uma pontinha do coração, trazendo à tona de tempos em tempos, como forma de boas lembranças.

Pois olhando minha caixa amarela repleta de recordações, entre cartões de ex-namorado, convites de formatura de amigos e fotos de escola, encontro várias cartas. Muita gente que gosta de blog, orkut, skype e MSN pode não saber o que é enviar e melhor que isso, receber uma carta. Tudo bem que a instantaneidade dos dias de hoje fecha direitinho com as novas formas de comunicação, tão rápidas e absurdamente reais. Mas é justamente aí a questão, elas são tão reais que não deixam mais espaço para a imaginação de histórias escritas à mão.

Olha que eu não sou velha. Li e reli cartas escritas por minhas amigas quando fui morar em Santa Maria para fazer faculdade, e isso não faz tanto tempo assim. Aliás uma das características mais bacanas das cartas é o seu período de conservação. Você pode as guardar pro resto da vida e a cada releitura, recordar cada letra, cada palavra, cada situação vivida. Cartas amarelam charmosamente com o tempo. E quanto mais amareladas, mais intensa é a capacidade de resgatar o pequeno mundo de sentimentos guardado em suas linhas. 

Escrever uma carta EXIGE sentimento. Recortar fatos, selecionar assuntos, tudo isso é feito com coração. É claro que se pode falar tudo e muito mais em recados de orkut, ter longas conversas pelo MSN, contar segredos que não devem ser lidos publicamente através dos depoimentos furtivos do orkut. Mas escrever uma carta exige carinho e um pouco mais de trabalho, já que é preciso escrever, escolher envelopes, levar ao correio. E esperar. Nada torna algo tão mais valioso do que o esperar. É o tempo, que mais uma vez dá um sabor a mais às coisas simples. 

E receber uma carta então? Você se sente tão especial, em reflexo ao carinho dedicado por outra pessoa ao escrever a você, que mal consegue abrir o envelope direito, rasga-o. E então, através de letras e frases escritas a quilômetros de distância, seu coração se aproxima de quem realmente gosta de você.

E tudo isso, só sabe, e só sente, quem um dia teve o prazer de receber uma carta. Quem a guarda com amor em uma caixa no armário. E quem de tempos em tempos, a relê e, relendo, consegue reviver o carinho sentido quando a recebeu.

Todo o encantamento das cartas só poderia mesmo não pertencer a este tempo de agora. Tempo de correria, de preocupações e principalmente de tanta falta de sentido desse mundo louco.  Eu costumo dizer que gostaria de viver em outro tempo. Eu prefiro o tempo das cartas, o tempo do encanto, o tempo do sentimento.

Infelizmente vivo no tempo da instantaneidade. Como não há como voltar na história, agradeço por ao menos ter cartas, para recordar os outros tempos.





segunda-feira, 2 de agosto de 2010

AAAAA-gosto!

Alguém colocou no orkut que adora agosto. Sabe que eu também?? Agosto tem gosto de segundo semestre do ano, que lembra que mais da metade do ano já passou, que lembra que logo é final do ano, e final de ano é sempre bom, tem sempre uma energia bacana.

 Agosto tem gosto de fim de inverno, apesar de hoje ter feito 1 ou 2 graus de temperatura pela manhã. Mas a verdade é que metade do inverno já passou e eu simplesmente amo a passagem do inverno- para a primavera- para o verão. Os primeiros "calorzinhos" me dão uma alegria esfuziante...me dá uma disposição, uma vontade de vida, de andar pela rua, largar o peso de casacos de lã. Os primeiros calores me renovam. 

Agosto, pra mim, não é o tal do Mês do desgosto, que os antigos costumavam dizer. Pra mim é o mês do gosto. É o mês que você começa a pensar "nossa já passou metade do ano". E pensar assim geralmente te faz "se mexer". Se você não fez nada até agora percebe que se não fizer logo o ano termina. Ou então você fica dando graças a Deus que está terminando o ano e logo logo vem um ano novinho em folha pra você fazer tudo o que não fez em 2010. Bom, e se você fez várias coisas, ótimo, você se sente satisfeito. 

Agosto pra mim, tem gosto de festa. Sinto vontade de sair da toca, bem como se fosse um urso polar mesmo, que ficou hibernando por um bom tempo. Agosto tem gosto de novos ares. E agosto tem cor de fumaça. Lembro que quando pequena - ou melhor, criança - agosto era o mês que as pessoas queimavam sei lá o que. O que sei é que o agosto ficava com cor acizentada. Mas apesar de o cinza ser uma cor fria, ele vem da fumaça, que vem do fogo, que lembra calor. 


Mês de agosto tem gosto de calor. Calor de novidade, calor de amizade, calor de cidade, de movimento. Tá aí. Agosto, pra mim, tem gosto de liberdade. E liberdade é meu motor.