domingo, 2 de dezembro de 2007

No nosso lugar

Hoje eu assisti um filme que eu nunca tinha ouvido falar e o achei simplesmente ótimo. O nome dele é "Em seu lugar" e conta a história de duas irmãs, uma gordinha e frustrada e uma linda e loira. Basta descrever isso para saber que "algo hay!", né? Elas se odeiam? Uma inveja a vida da outra? Mais ou menos...
Nem sempre a gente é linda, loira e feliz. Nem sempre somos gordinhas, frustradas e infelizes. O mais legal do filme é mexer justamente com isso: com os defeitos mais comuns e com o fato de que nossa felicidade está exatamente em descobrir o que fazer com esses defeitos. Defeito número um do mundo pós-moderno: relação mulher X comida. Eu andei pensando e acho essa relação mais que defeituosa, é simplesmente cruel! Para ser magra e bonita é preciso cuidar cada garfada que se dá na comida - a menos que você seja aquela premiada que olha pra você e diz com aquele sorrisinho patético "eu como de tudo e não engordo" e que causa inveja até no mais santo cristão - . Ou seja, você vive um martírio dia-a-dia. Aí você veste uma roupa bacana e fica linda de morrer e pensa que vale a pena não ter comido aquele churrasco maravilhoso. Ai, mas aquele churrasco...ele também te daria prazer...
Então a lei é a seguinte: o prazer de ser magra, pelo prazer de comer. E essa lei não funciona apenas na tal relação comida X beleza. Ela funciona todos os dias, em todos os minutos da sua vida. O que te dá mais prazer? Trabalhar o dia todo em uma grande empresa ou trabalhar quatro horas por dia, levando cachorros pra passear? Ter um namorado fiel ou mostrar para aquele cafajeste que você conquista ele? Liberdade ou segurança? Amor ou paixão? Dinheiro ou tranquilidade?
A grande questão é: com quais defeitos as suas escolhas combinam mais?
Eu por exemplo estou incansavelmente tentando descobrir o que realmente me faz feliz. Claro que eu teria, como a maioria dos mortais, uma lista de alegria: família, namorado, faculdade que sempre sonhei.
Opa! Faculdade que sempre sonhei? Sim, eu sempre sonhei ser jornalista. Mas to começando a achar que essa história de trabalhar até no domingo não é pra mim. Eu ainda não consegui encontrar uma solução e certamente vou ser jornalista, porque apesar de tudo eu gosto muito da profissão, mas descobri que o ritmo jornalístico não me faz feliz. Meus pais, claro, vão se atirar de uma ponte quando tiverem que aceitar que eu não nasci para ser a próxima Fátima Bernardes.
Então chegamos à segunda grande questão: com quais escolhas a sua felicidade combina mais?
Com ser uma gordinha linda ou uma anoréxica frustrada?
Com uma bem sucedida estressada ou com uma leve profissional com muito tempo para o lazer?
Com uma pessoa feliz com o que tem, ou infeliz com o que não tem?
Essa resposta, eu ainda to tentando descobrir.

domingo, 25 de novembro de 2007

Não quero ser grande

Quando era adolescente cansei de assistir um filme, obviamente na Sessão da Tarde, que se chamava "Quero ser grande". A trama contava a história de um guri que simplesmente queria crescer. Ele jogou uma moedinha numa espécie de boneco, fez o pedido e na manhã seguinte tchanãm! Ele acorda adulto.
Eu já passei dos 20 anos. Não muito, fique claro. Uns dois ou três passos adiante. Mas o interessante é que sinto uma resistência inabalável de assumir que sou adulta. Sempre fui a queridinha da família, a guriazinha. Pois bem, a guriazinha está se formando na faculdade, está indo morar com o namorado, pior, já passou dos 20, e não consegue assumir que é adulta.
Não tenho do que reclamar na minha vida. Levo uma rotina tranquila, escrevo minha monografia, vou no meu estágio, namoro, vejo TV, saio com amigos.
Tudo em seu lugar, mas não pense que isso é entediante. Como todo mundo às vezes estou de mau humor, brigo com Deus e o mundo, essas coisas de gente normal. Mas sabe o que eu acho que é mais difícil de enfrentar? A quantidade maluca de coisas que posso fazer com a minha vida, especialmente quando já se passou dos 20, se está quase formada na faculdade e não se precisa mais do amém dos pais para a maioria das coisas.
Eu posso seguir minha carreira, abandonar meu namorado e me tornar uma grande jornalista. Eu posso ser jornalista, casar, ter filhos e viajar para a praia no verão. Eu posso fazer um concurso público e não ser jornalista. Eu posso abandonar tudo e simplesmente voltar para casa.
Ser grande, acho, significa poder. Quando se é criança, pai e mãe controlam, de maneira absoluta, a sua vida. Adolescente a gente acha que se manda, doce ilusão. Adulto...os pais querem mandar ainda, mas você pode fazer o que você quiser da sua vida.
Só que o poder vem com a terrível palavra responsabilidade. Deu certo? Culpa sua. Deu errado? Parabéns, a culpa é toda sua.
E quem disse que só porque já passei dos 20 anos eu sei o que eu quero poder? Interminável dúvida de uma geminiana. Talvez se você for capricorniano não sofra tanto. Resumidamente, do alto de meu um metro e meio, acho que não quero ser grande.