sexta-feira, 30 de maio de 2008

Pés! Pra que te quero?





Hoje eu estava indo para o trabalho sentindo-me supermoderna com meu tênis de última moda que ganhei de aniversário do meu namorado. Antes de sair de casa me assaltou a dúvida inconsciente que sempre tenho antes de botar o pé na rua: salto ou tênis? Para mim, salto deixa qualquer visual mais elegante e eu adoro usar. Mas o meu tênis é tão bonito e pensei “Poxa, aqui em Porto Alegre do Norte também não preciso andar toda produzida. Afinal, pra quê? Pra quem? Só se for para mim mesma e hoje em especial eu me sentia muito bem comigo mesma e meu tênis todo prateado.
Porto Alegre do Norte é uma cidadezinha do nordeste do Mato Grosso, onde as pessoas se arrumam bem, mas que para mim, que quase não conheço ninguém, realmente não importa nenhum pouco se vou estar de minissaia ou de burca. Aí, lá vou eu saltitante e descolada com meu tênis. É então, que surge, na primeira esquina, uma guria que eu conheço. E eis que seu efeito sobre mim foi o que a maioria das mulheres sente quando vê uma mulher bonita. Ela estava com um vestido provocante, mostrando belas pernas, em uma cor que realçava sua pele, e... uma sandália de salto no mínimo 10 capaz de acabar com a alta estima de qualquer ser humano do sexo feminino.
Porque será que a gente sempre se acha mais feia quando vê uma mulher bonita? Claro que é preciso dizer que isso só vale para nós, mulheres, mortais, que sentimos durante o dia todos os milhares de sentimentos mais comuns à vida de mulheres comuns. Não falo aqui das supermulheres, seguras de si em qualquer situação. Falo aqui de mim e de você, que sim, se sente abalada quando vê uma mulher bonita.
O mais engraçado é que quando a gente sai de casa podemos até nos sentirmos maravilhosas, mas se chegamos a algum lugar ou mesmo esbarramos na rua em uma mulher bonita e arrumada, parece que a roupa dela é mais bonita, que o cabelo dela está mais cuidado, que o rosto dela cintila muito mais que o seu. E olha que há cinco minutos você achava que não tinha pra ninguém.
Certos estão os homens quando dizem que as mulheres vestem-se para as outras mulheres e não venha me dizer que uma mulher bela e arrumada passa despercebida por você. Não adianta, nós somos assim. Você pode até ser segura de si, mas que você sabe dizer - sem ninguém ter percebido que você olhou para ela- a cor da roupa, o jeito do cabelo, a altura do salto de uma mulher que passa e que chama a atenção está usando, ah, isso você sabe.

Samantha Borges, 20/05/2008

E depois das malas, a nova vida...








Pois é, eu arrumei as malas, vendi os móveis, me despedi da família, dos amigos, e botei ó pé na estrada com o meu amor. Cheguei no Mato Grosso, e eis eu, aqui, há 3 meses. As novidades? Vamos lá.
Bom, eu vim trabalhar em um jornal, afinal me formei em jornalismo. Pois foi eu chegar e o tal do jornal resolveu fechar as portas e ir para outra cidade. Putz, mas que azar!! E ai, fiquei eu, a 3 mil km e 600 reais de passagem de distância do que eu chamava de lar...
Pelo menos não fiquei sozinha. Comecei a trabalhar na escola de um dos meus tios e agora para surpresa de todos, e minha lógico, virei dona de loja de artigos esportivos.
O que pensar disso tudo? A vida é mesmo uma caixinha de surpresas como diria Joseph Climber. Sério, morar em uma cidade chamada Porto Alegre do Norte, no meio do nada, onde a única ligação que eu tinha era ter dois tios que moravam nela e que eu via uma vez por ano era completamente inexistente nos meus pensamentos!
Mas, cá estou!

Se entrei em crise?? Humpf! Eu quase enlouqueci. Afinal ser jornalista sempre foi o meu sonho e passei 4 anos no banco de uma faculdade para isso. E tudo ia indo bem, eu fazia estágio em um jornal, ia ser contratada...
É geralmente a gente perde o prumo quando as coisas não saem como imaginamos. E geralmente esquecemos que as escolhas foram feitas por nós mesmos. Essa mesma pessoinha que agora fica reclamando do que aconteceu...
Mas, a questão é que a vida continua girando, o tempo continua passando e eu, eu continuo aqui. Pensei muito em voltar, mas escolher entre amor e profissão é muito cruel. Resolvi deixar rolar.
E sabe que agora eu até posso dizer que gosto daqui? Gosto de ficar da loja, gosto da cidade, eu simplesmente me adaptei...
Vivo bem com o Daniel, já fizemos alguns amigos, ganhamos nosso dinheiro... e no mais a conclusão é que a vida é vida em qualquer lugar.
Eu continuo vendo TV (agora não muito porque trabalho das 7 e meia da manhã até 11 da noite), falando com meus amigos no orkut, comendo pizza, tomando cerveja, , escrevendo (que mais até do que o jornalismo, é o que mais amo fazer), namorando, assintindo filmes, fazendo planos, me preocupando em começar a fazer uma atividade física, falando por telefone com minha família, comendo churrasco no domingo, ouvindo música, vivendo...
Tudo isso não significa também que eu me acomodei. Não trabalhar na minha área continua me tirando o sono, a saudade da minha vida no sul continua me tirando o sono...Mas cheguei a um ponto que pensei: será que não devo dar uma chance à essa nova vida que surgiu do nada e mudou tudo? Acho que às vezes é preciso dar um voto de confiança ao que nos fugiu do controle.

Afinal, ficar 3 dias dentro de um ônibus, viajando por 3 mil Km deve me fazer chegar a algum lugar, não acham?