segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Olhos abertos ou fechados?

Ontem ouvi meu irmão falar que um segredo dos vencedores é não ter contato com a pobreza. Não passar por lugares pobres, por vilas, não ver tristeza, enfim...Fiquei pensando nisso. Hoje assisti o filme "Redenção", que conta a história de um negro que se tornou o criador e líder de uma gangue nos EUA. Após ser preso pela acusação de quatro homicídios e parar no corredor da morte, uma jornalista o procura para escrever sobre a história das gangues. No entanto, ao invés de escrever sobre sua própria história, Stan pede à jornalista que lhe ajude a publicar livros infantis que falem sobre o assunto e orientem crianças a não entrar no mundo do crime.

O que ficou em mim depois do que ouvi e assisti foi o seguinte. Ok, eu posso não ter contato com a pobreza, afinal eu não moro em uma favela, nunca passei fome, sou formada na faculdade. Mas e quem nasceu dentro da pobreza, quem faz parte dela, vai fugir como?

A princípio, com base nessas afirmações poderia criticar firmemente meu irmão. Mas não é bem isso. Ele não está totalmente errado, porque quando falamos em pobreza, não falamos simplesmente em falta de dinheiro. Falamos em falta de dignidade, em falta de esperança, em revolta, que gera consequentemente, violência. A grande questão é que se torna muito mais difícil se sentir digno e esperançoso quando não se há comida para dar aos próprios filhos.

A nós, que vemos tudo de fora, que podemos nos dar ao luxo de não ter contato com a pobreza, resta o que então? Fazer isso? Desviar dos becos? Viver em uma bolha? Eu me sinto mal com isso. E acredito que muitas pessoas também se sintam. Mas o grande problema disso, é que simplesmente não sabemos o que fazer. Eu não sei como ajudar. Eu sou paralisada diante da miséria.

Eu não sei se tento entender a conjuntura de nossa sociedade, não sei se devo acreditar que não fazendo mal aos outros e levando uma vida de bem já estou fazendo minha parte, não sei se tenho o poder de ajudar e de mudar alguma coisa.

Essas dúvidas me acompanham a muito tempo. E ouço opiniões diversas sobre isso. Ouço muito que jovens sempre pensam em mudar o mundo e que tudo isso é pura bobagem.

Mas então quem é que me tira essa inquietação diante dos que não podem ter o que eu tenho?
Quem me tira essa vontade de ajudar de alguma forma, ou simplesmente essa desconfiança de que eu posso ser capaz de ajudar?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mães fora do ninho

Sabe, eu ainda não sei o que é ser mãe, lógico, mas há algo que acho um pouco errado nas mães, inclusive na minha. Claro que nem todas devem ser assim, mas a minha mãe simplesmente vive em função minha e dos meus irmãos. Eu sei, é claro que mãe não vive sem os filhos, mas viver só por eles me deixa extremamente preocupada.

Só existe uma fase em que as mães podem nos ter totalmente: quando somos crianças. Não vivemos sem ela nessa fase. Quando crescemos é claro que continuamos amando nossas mães, seu carinhos, seus dengos, mas em um certo ponto declaramos "temos a nossa vida". Isso não significa excluir ninguém da nossa vida, mas significa que temos nosso trabalho, nosso namorado, nossos anseios, nossas manias, nosso jeito de viver. E nem sempre queremos a opinião de A ou B. Ás vezes queremos enfrentar algumas coisas sozinhos. Assim como pai ou mãe um dia também fizeram.

Antigamente nã havia mais nada que se fazer, enquanto mulher, que cuidar da casa e dos filhos. Mas hoje, meu Deus, uma mulher pode ser tudo o que quiser. Não me encomoda tanto que minha mãe se preocupe comigo, até pq pedir o contrário é impensável. Também não me preocupa que ela me encha de amor e carinho materno por todos os lados. O que me preocupa de verdade é que ela não tem a sua vida.

Gostaria de ligar para minha mãe e ouví-la falar que saiu pra caminhar, que está cuidando da saúde, que emagreceu 5Kg, que saiu com uma amiga, que fez um jantar especial com meu pai, que não se tem dinheiro, mas afinal, quando se teve? Isso me faria um filha feliz. Não ligar e ouvir que ela abriu mão da própria vida pela sua família, que foi ao médico e descobriu mais um probleminha, que o trabalho anda estressante demais.

Cada um faz as suas escolhas e arca com suas consequências. Pais e mães se sacrificam por seus filhos, mas acho que filho nenhum nesse mundo vai retribuir da maneira que os pais esperam.

Queria que minha mãe fosse mais feliz com ela mesma.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Desastres em busca da perfeição

Eu tava lendo um texto no blog de ex-colega e nossa..é incrível como nós gurias somos iguais. Eu simplesmente me vejo nesses textos e nas conversas das minhas amigas que ainda não encontraram o príncipe. Eu já encontrei, mas antes dele todas as minhas escolhas foram absolutamente erradas. Quando vocês dizem com tom incrédulo que tudo dá errado nos relacionamentos, sim, eu acredito, pq um dia eu fui uma Bridget Jones da vida.

E sabe qual a minha única conclusão plausível? Que é assim, a gente erra, erra, pra qdo encontrar a pessoa certa, acertar em cheio. Ao menos foi assim comigo. A fórmula só mostra o 1+1, mas ah, quantos percalços estão escondidos neles. O amor não é perfeito e por isso é tão gostoso.

Esse 1+1 muitas vezes quer dizer Briga+reconciliação, dúvidas+medos, tudo isso que vira igual a um amadurecimento em relação ao outro e ao amor. Quando é verdadeiro ele realmente nos ensina como fazer direitinho.

E graças a Deus hoje, já podemos nos permitir sonhar com príncipes mais humanamente a favor de sentir orgulho em nos carregar a tiracolo com uma minisaia ou um decote que deixa os outros babando. Aleluia que já existem namorados e namoradas que entendem que ás vezes queremos sair apenas com nossos amigos, como nos velhos tempos, mas sem fazer nada que desrespeitasse o outro, lógico.

Sim, tudo isso existe. O amor existe. Akele amor romântico mesmo, de demonstrações meladas, de companheirismo, de confiança. Só que não vem de graça. Se eu cometesse os erros que cometi antigamente com meu atual namorado, tenho certeza, ele não ia dar certo. Ia ser só mais um a entrar na lista dos desastres. E outra, também não se tem uma relação perfeita 24 horas por dia, esqueça isso, pq o amor não é 1+1=2. VC+o teu trabalho+os teus amigos+a tua família+ele+o trabalho dele+a faculdade dele+os amigos dele+a família dele+um monte de coisas. A fórmula é um pouquinho mais complexa o q prova q o amor vai ser dividido com milhares de outras coisas, mas sem deixar de existir, isso eu garanto.

Eu não sei bem como me tornei uma namorada legal. Ser legal aconteceu da maneira mais natural que eu já tinha visto. Talvez enfim eu tenha sido eu mesma. Eu imaginava e sonhava com amores maravilhosos, mas eu ainda era toda errada. Ou certa demais, o que também se torna errado, entende. Acho que acertar no amor é encontrar nosso equílibrio com a outra pessoa. Eu era meio desequilibrada, todos somos, até encontrarmos nosso eixo. Até olharmos pra pessoa e dizer pra nós mesmo, eu quero isso.

E fico pensando que isso deve acontecer com todos os mortais, isso quer dizer, também cm os homens, esses que vira e mexe nos dão dor de cabeça. Mas pobres, eles também tem dúvidas, também tem sua hora pra crescer.

Se tu não tem certeza ou ele tá indeciso, não é a hora. Talvez seja a hora mas não seja a pessoa. Talvez seja a pessoa, mas não seja a hora. Pq uma coisa é batata (nossa, essa expressão é velhinha!): Se for pra ser, a certeza vai estar estampada na cara dos dois.

Ah, se eu fosse um marinheiro...

Bah, faz quase 4 meses que escrevi pela última vez...Bom, o que posso garantir é que o fato de passar um certo furacão enlouquecido que mudou tudo de lugar na minha vida pode me redimir.
Mas sabe o que é mais engraçado nessa história toda? É que o furacão rodou, rodou, e acabou me levando de volta ao mesmo lugar.

Furacões são inexplicáveis. Ora mudam o cenário, ora mudam os atores. Não que os atores sejam trocados por outros. O que muda é a essência de cada um. Estou voltando para o Mato Grosso diferente de quando saí de lá. Tantas coisas aconteceram. Era pra ter ido pra Coréia, era pra ficar em Santa Maria, quem sabe o Paraná? Todas essas possibilidades estiveram presentes. Mas no fim tudo isso só serviu pra gente pensar "acho que ao menos por agora, o lugar é lá".

Nada me deixa mais aflita, nem tampouco mais excitada com a vida do que não saber pra onde vou. Durante esses 4 meses não tive casa. O que mais fiz foi viajar: Goiânia, Porto Alegre, Ijuí, Santa Maria, Erval Seco, Iraí, Santo ângelo, Palhoça, Florianópolis, foram alguns dos meus portos.

E como fez falta um porto seguro. E como foi desprendido não ter pra onde voltar. A gente precisa do nosso canto, mas ás vezes também precisa lembra que não tem raízes no lugar dos pés. Aliás, pés são feitos justamentes pra andar, sempre.

Acho que entendi uma coisa em mim, nesses 4 meses. Preciso do meu porto. Mas preciso acima de tudo poder levar meus pezinhos pra passear de tempo em tempo. Não há nada mais revigorante do que chegar na TUA casa. Mas o gostinho especial da volta só existe quando passamos um tempo longe.

Sim, eu entendi uma coisa em mim: Preciso de casa. Mas definitivamente não vivo sem estrada.