Eu sempre penso que preciso escrever mais, pra tirar esse sufoco por falar através das letras que quem gosta de escrever sente, mas terminando um mestrado e estudando pra uma seleção de doutorado a coisa ficou meio apertada esse ano! Quase não escrevi! Vasculhando arquivos, encontrei esse texto, de dezembro de 2011...quase uma ano atrás...não achei nas minhas postagens, então aí vai:
"Ela tem esse eterno jeito “sei lá”. Não arrebata corações,
tem vocação zero pra sedução, mesmo usando salto 15 e decote. Não combina com
ela ser gostosa ou extravagante, não por querer pregar de santinha, inclusive
acha lindo mulherão que sabe ousar, mas ela apenas não é e ponto. Se sente mais
confortável vendo o mundo como se estivesse à parte dele, sem causar
terremotos, sem chamar a atenção. No amor, em geral, é do tipo que as coisas
simplesmente não acontecem. E isso não é exatamente um fardo. O que mais ouve é
“não tem namorado?” só falta a coragem de dizer o “tadinha” no final, o que pra
ela soa tão, tão, bobo! Porque é que alguém que não tem namorado aos 28 tem que
ser digna de pena? Pessoas estranhas essas que andam por aí...
Na idade em que está, tem tudo o que quer e vive a vida na
paz. Casar não é seu objetivo
primordial, mesmo que, como toda mulher, tenha seu lado mulherzinha. É claro
que precisa de amor, mas quem tem muito na vida não se joga em um precipício
por um motivo único. Decidiu que se for pra cair, só cai por desgraça total e
completa. Ficar triste porque não tem alguém? Dura uns 5 minutos. É o tempo
necessário pra lembrar do trabalho que lhe dá prazer, dos amigos que adora, da
família fantástica, das viagens encantadoras. Mesmo se questionando e querendo
sempre mais, sabe que não tem o direito de reclamar. A vida é naturalmente boa.
E por saber disso ela não precisa se amar enlouquecidamente, amar os outros
insanamente, viver intensamente como se fosse o último minuto de sua vida. Ela
se gosta sem precisar ficar exaltando qualidades pra ninguém. É claro que gosta
de gente, de ser humano, de sorriso no rosto, de abraço. Mas não precisa sair
dizendo que ama profundamente os amigos e a família, porque atitudes de carinho
não precisam necessariamente ser narradas. E é dessa calmaria que nasce o jeito
“sei lá”. As pessoas sentem uma necessidade absurda de rotulação, então porque
ela não vive paixões intensas, porque ela gosta de ajudar, porque ela se dá bem
com quase todo mundo, ela é rotulada como essa coisa sei lá, assim, meio sem
graça, meio boazinha demais. Do alto de sua mansidão, ela não contesta. Sentada
no bar, tomando calmamente sua cerveja e observando tudo, ela pensa apenas “Aahh, sei lá! Que
achem o que quiserem”."
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