Sunshine,
one claire day
My girl,
talk about my girl….
Minha música despertador ressoava quarto afora. Já fazia 3
anos que My girl era minha música de despertar. Por pior que tivesse sido o dia
anterior, ou muito pior ainda, por pior que tivesse sido a noite anterior, essa
era a música que me fazia sorrir antes de abrir meus olhos de manhã. Ela me
dava a sensação de uma esperança absurda na vida e no novo dia que estava
nascendo. Com ela, ainda de olhos fechados, eu tinha as minhas melhores
lembranças, como por exemplo, acordar numa manhã de domingo ouvindo o barulho das árvores dançando com o
vento na casa da minha avó. As árvores da minha avó adoravam dançar com o
vento, especialmente nas manhãs de domingo. E eu me sentia a pessoa mais feliz
do mundo quando acordava com aqueles passos de dança.
Ou então, ainda falando de casa de vó, quando eu me perdia
no meu quadro preferido, que enfeitava a sala da casa velha. Ele não era uma
obra prima, nem muito bonito ele era. Mas eu era criança e ele me contava
muitas, muitas histórias. Eu ficava parada olhando pra estrada na beira das
montanhas pintadas naquela imagem e o homem que seguia de costas aquele caminho me hipnotizava. Eu
sempre tive a sensação que, de alguma forma, eu vivi naquele lugar. Eu ficava
imaginando pra onde aquele homem estava indo e pensando o que tinha atrás
daquelas casas, montanhas, estrada. Talvez eu fosse uma criança sonhadora
demais, mas a casa da minha avó era um convite pra imaginação. Eu ia pra casa
da minha avó praticamente uma vez por ano e o nome da vila onde minha avó
morava era Coronel Finzito. O que se pode esperar de um lugar que se chama
Finzito? Era um finzinho de mundo, um lugar perdido, onde eu encontrava tempo
pra sonhar e viver outras vidas.
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