quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Lembranças

Sunshine, one claire day
My girl, talk about my girl….

Minha música despertador ressoava quarto afora. Já fazia 3 anos que My girl era minha música de despertar. Por pior que tivesse sido o dia anterior, ou muito pior ainda, por pior que tivesse sido a noite anterior, essa era a música que me fazia sorrir antes de abrir meus olhos de manhã. Ela me dava a sensação de uma esperança absurda na vida e no novo dia que estava nascendo. Com ela, ainda de olhos fechados, eu tinha as minhas melhores lembranças, como por exemplo, acordar numa manhã de domingo  ouvindo o barulho das árvores dançando com o vento na casa da minha avó. As árvores da minha avó adoravam dançar com o vento, especialmente nas manhãs de domingo. E eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo quando acordava com aqueles passos de dança.
Ou então, ainda falando de casa de vó, quando eu me perdia no meu quadro preferido, que enfeitava a sala da casa velha. Ele não era uma obra prima, nem muito bonito ele era. Mas eu era criança e ele me contava muitas, muitas histórias. Eu ficava parada olhando pra estrada na beira das montanhas pintadas naquela imagem e o homem que seguia  de costas aquele caminho me hipnotizava. Eu sempre tive a sensação que, de alguma forma, eu vivi naquele lugar. Eu ficava imaginando pra onde aquele homem estava indo e pensando o que tinha atrás daquelas casas, montanhas, estrada. Talvez eu fosse uma criança sonhadora demais, mas a casa da minha avó era um convite pra imaginação. Eu ia pra casa da minha avó praticamente uma vez por ano e o nome da vila onde minha avó morava era Coronel Finzito. O que se pode esperar de um lugar que se chama Finzito? Era um finzinho de mundo, um lugar perdido, onde eu encontrava tempo pra sonhar e viver outras vidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário