terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A crise, parte I: generalizações


Estou em em crise total, completa. Mergulhada inteiramente na lama da indecisão e do desconforto comigo mesma. Os homens do século XXI até que andam tentando descobrir o que eu quero e sabe qual a melhor resposta? Não faço a mínima ideia! Não sei nem por onde começar, quando paro pra pensar nisso. Seria porque parece que não tenho mais muito pelo que lutar? Não existe mais uma causa nobre e profunda, não preciso mais provar nada pra ninguém, feminismo, pra mim, perdeu um pouco o sentido (e as feministas que perdoem minha ignorância...mas só falo aqui do que estou sentindo). E eu, mulher, também. Posso fazer o que eu quiser, ou pelo menos quase tudo. Talvez para algumas coisas possa existir uma falsa aceitação, mas se houver, tenho quase certeza que ela não vem dos outros, mas de mim mesma.
É, gurias, eu ando assim, perdidinha. Hoje mesmo ouvi minha mãe contar sobre um comentário de uma amiga. A tal da amiga disse que passou na casa de uma conhecida e lá estava ela as 5 da tarde tomadinha banho, sentada na área limpinha de casa, tomando um chimarrãzinho, com os filhos banhadinhos brincando na grama, a própria imagem da paz e tranqüilidade da mulher do lar. E ela - a amiga da minha mãe – era a própria imagem do stress pós-moderno grudado em um corpo cansado pelo trabalho do dia, em um rosto suado, um cabelo sujo, tudo conspirando para a falta de glamour e, claro, destoando completamente da concepção de paz e tranqüilidade. Então ela se questionou: “mas será que essa vida de mulher dona de casa não era melhor?”
Estamos vivendo exatamente no limbo que separa o mundo da "tranquila" vidinha do lar, do mundo em que somos poderosas, independentes e...cansadas. Afinal, o que é melhor? As duas coisas têm vantagens e desvantagens. Eu tenho certeza que uma semana apenas como dona de casa me deixaria completamente entediada e depressiva. Mas essa correria louca de trabalhar fora também acaba com a gente. Acaba, porque a gente não vai simplesmente trabalhar fora. A gente vai trabalhar e ser boa no que faz. A gente vai ser muito competente, altamente dedicada e além disso tudo, ainda vai conseguir ser linda e cheirosa. Só que se existe uma coisa que mulher sabe ter em sua mente, em seu coração e em sua alma, é o desejo de querer mais. Ok, temos o sucesso nas mãos. Antes mesmo dos 30, temos um caminho interessante construído especialmente para alcançar o êxito: uma carreira profissional bacana, um salário legal, amigos queridos, liberdade na vida social, amorosa e sexual e tanta coisa boa, que parece inaceitável que não consigamos ser o quadro da perfeita felicidade.
Inaceitável. Mas é o que anda acontecendo. A gente tem tudo isso aí em cima e não consegue ser feliz, porque queremos mais. O problema é que, volto a repetir, a gente não tem a mínima ideia do que seria esse plus, esse adicional, esse pequeno detalhe que nos faria sentir como que descobrindo o grande segredo da nossa existência, que seria capaz de enfim, nos deixar em paz.
E aí a gente tenta buscar explicações. Seria a descoberta desanimadora de que príncipe encantado não existe? Todo mundo critica essa história, mas poucos param pra pensar que o príncipe encantado não era só a possibilidade de ser feliz no amor, não significa apenas a ideia superficial de que existe alguém perfeito para cada uma de nós, não era um personagem singelo e despretensioso de um conto de fadas. Tudo bem, é claro que já sabemos que existem tantos homens perfeitos quanto políticos honestos, mas não é apenas do caráter romântico que o príncipe encantado se nutria. Ele era a representação de uma sociedade machista, mas que mesmo com carga negativa oferecia o que hoje o mundo não oferece mais: segurança. O príncipe encantado era qualquer um que representasse justamente uma resposta segura e incontestável para a vida da mulher, representava o sentido de sua vida, o objetivo do seu "estar no mundo", a sua salvação.
E as possibilidades continuam: Seria a dificuldade de se sentir segura tendo que encarar a vida sozinha? Seria a cobrança extrema de nós mesmas de que temos que ser muito boas em tudo que colocamos a mão? Seria o peso de sermos esses seres fantásticos e lindos, que até dia específico tem?
Ahh....o pensamento vira um turbilhão. Temos tudo, só não temos o que parece que poderia nos completar. E aí a ansiedade se intala, o stress se instala, a insegurança se instala...e nos resta sair pra comprar algo que possa acalmar nossos ânimos: um pote de sorvete, um sapato, um chocolate, tanto faz. Tudo vem da mesma estante de coisas inúteis que não conseguem nos responder o que, afinal, mulheres inteligentes, bonitas e bem sucedidas querem... mais.

2 comentários:

  1. como sempre.. muuuito bom cara!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Nossa...falou tudo,e falou bonito! fazia muuito tempo q eu nao vinha aqui!!:)

    ResponderExcluir