quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Era estranho para ela pensar que tudo tinha passado. Coisas, pessoas, amores. E agora era apenas ela e seu destino incerto. Todos precisam de amor, pensou. Mas ela não se enquadrava na categoria todos. A algum tempo que tinha mesmo esquecido a cor que tem o amor. Seu cheiro. Seu gosto. Seu som. Mas o mais assustador nisso tudo é que não sentia falta. Afinal como sentir falta de algo que não se sabe mais como é? Algo que não se sente mais? 

E assim ela foi, a cada dia, se acostumando mais com sua própria companhia.
Gostava de fazer seu próprio tempo e ver o mundo pela janela. Como se sentia segura, em perceber que não precisava mesmo de mais ninguém. 

Até que um dia, um belo dia, acordou com um estrondoso barulho. 
Uma pedra acertou sua janela. 
O vento frio soprou seu coração.
E com isso acordou. 
Foi vista. 
Sentiu.