Não escrevo há mil séculos. O mês virou, o ano virou e não escrevi mais.
A última vez que escrevi ainda nem sabia que tinha passado na seleção pro Mestrado, o verão ainda nem tinha chegado e meus planos estavam à deriva. Quase dois meses depois parece que sempre fui mestranda e minha vida sempre foi verão. Não sei qual a maior distância: se a de anos ou a de segundos. Nem sei ao certo se tenho prestado atenção no tempo, atenção na vida, atenção ao que está acontecendo.
Verdade é que esse ano começou bom, muito bom. O que mais posso querer do que as possibilidades reais de realizar meus sonhos? O que mais posso querer do que estar tão perto do que sempre quis?
Tudo está bem. O que mais posso querer?
Queria talvez o poder de segurar os segundos que escoam pelas minhas mãos...Queria conseguir segurar cada sorriso, cada suspiro, cada sossêgo. Queria parar o tempo, estancar as batidas, me esconder do medo que sinto de ver tudo passar. Porque tudo passa. Tudo gira. Tudo muda.
Em especial eu mesma. Não sou a guria que escreveu o último texto. Nem serei eu quando escrever o que vier depois deste. Daqui um milésimo de segundo, não serei mais eu.
Sim, o ano começou muito bom. Tudo está no seu devido lugar. O sol de verão brilha. Mas porque há nuvens? Porque existem tantas perguntas? Porque meu dedos inquietos tamborilam contra a mesa, como a esperar por algo que não sei o que é, tampouco sei quando irá chegar?
Este ano, este ano que começou bom, com tudo no lugar, é o ano em que quero entender. Não entender minha rotina, minhas manias, meus sonhos, meu jeito, minhas relações familiares, com amigos, inimigos e afins. Tudo o que é visto e vivido externamente eu sei de cor.
Este ano quero entender o que se passa aqui dentro. Quero entender meu amor pelo vento, meu horror ao tempo, minha retidão.