sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Entre All Stars e Scarpins

Mudar...

Mudar de casa, mudar de vida, mudar de cabelo, mudar de beijo, mudar de objetivo...

Mudar de emprego, mudar de escola, mudar de cor, mudar de calça, mudar de jeito...

Mudar de foto, mudar o perfil do orkut, mudar o horário, mudar o medo...

Mudar o sofá de lugar, mudar de amigo, mudar de vontade, mudar de namorado...

Mudar de shampoo, mudar de futuro, mudar de carro, mudar de cama, mudar de estado...

Já pensou como ficou fácil mudar hoje em dia?Tão fácil que nunca foi tão difícil...

A mudança se tornou superficial: como decidir por uma calça justa ou larga se as duas podem estar na moda ou cair dela a qualquer momento?
Como decidir se vale a pena amar alguém se há tantos tão disponíveis para serem amados?
Como decidir se uma casa é melhor que outra? Se der errado, basta se mudar...

Se o amor não deu certo...basta mudar...

Se a vida não deu certo...MUDE!

Mas, ah...como há medo de mudar...
Há tempos atrás nos contentávamos com vestidos pelo joelho, o marido previsível e o lar como emprego...

Hoje somo livres para mudarmos o mundo (ao menos o nosso) se quisermos..

Mas e quem diz que temos coragem?
Quem diz que suportamos a incerteza de namoros que se não agradarem basta “partir pra outra”?
Quem diz que suportamos o emprego que nos cobra eficiência, no dia em que o filho está doente em casa?
Quem diz que suportamos a idéia de vestir o que quisermos quando nem a roupa mais cara nos faz sentir bem...

Nunca fomos tão inseguras, em nossa inabalável segurança...

Vivemos entre a cruz e a espada: queremos trabalhar fora e ser reconhecidas por isso, mas também queremos comer um bolo quentinho, feito por nós mesmas, com nosso filho, às 3 horas da tarde de uma segunda-feira...
Queremos abalar o sexo oposto, mas no fundo sonhamos com um cara legal que nos dê uma família...
Queremos suar pelo nosso dinheiro, mas pulamos de alegria por dentro quando não precisamos pagar o aluguel ou o supermercado...
Amamos a liberdade de usar uma minissaia, mas nos magoamos intimamente quando o marido não expressa um pingo de ciúmes...
Temos 20 e poucos anos e não sabemos se seremos mais felizes como workaholics ou mães de família...E definitivamente ser as duas coisas é comprovadamente um pensamento falido, pq se estamos no trabalho nos sentimos amarguradas pq queríamos mais tempo para estar com a família, se estamos em casa nos sentimos inseguras pq queríamos nos dedicar mais ao nosso sucesso profissional...Não há como ser 100% perfeita nas duas coisas...algum lado sempre vai ficar de lado...

Não sabemos se queremos mudar da balada para o churrasquinho em família, do tênis para o salto alto, da casa dos pais para o apartamento próprio...
Nos espantamos quando uma criança nos chama de tia, afinal saímos ontem da faculdade...Não aceitamos que os lugares que sempre freqüentamos estejam lotados de adolescentes de 16, 17 anos, afinal você tem 25, mas você jura para você mesma que não mudou muito desde os 17...

Tanta opção de mudança, tanta incerteza não pode nos fazer bem...só deve nos confundir mesmo...
Entre o All Star e o Scarpin, seguimos desejando mudar, mudar, incessantemente mudar, porque nossa liberdade é tão grande que não conseguimos decidir o que é melhor para nossas vidas...Não conseguimos nem ao menos decidir quem somos, quem queremos ser...

É...lutamos, lutamos...pela liberdade, pela igualdade, pela soberania feminina...
Será que no meio da luta pensamos que nosso coração é igualzinho desde que o mundo é mundo?

Um comentário:

  1. oi quem dera ter a liberdade de ter liberdade para sero que o sonho sonhou um dia .A vida e uma pagina em branco e os dias uma caneta.............................................................,,,,,,,,,,,,,,,,isabel borges de Ijui,RS.

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